Em 2019, a UFF chegou a 27 anos de sua presença em Angra dos Reis. Tendo iniciado as suas atividades no município em 1992, quando organizou a graduação de Pedagogia, oferecida pelos professores da sede (Niterói), depois de duas décadas a UFF expandiu sua presença em Angra através da criação do Instituto de Educação de Angra dos Reis (IEAR), em 2009. Como Instituto, foi possível a formação de um corpo de professores próprio para o curso de Pedagogia em Angra dos Reis. Além disso, o IEAR passou a expandir suas atividades, com a criação de mais duas graduações: Políticas Públicas (Bacharelado), em 2013, e Geografia (Licenciatura), em 2014, uma especialização em Alfabetização das Classes Populares e vários cursos de extensão. Atualmente, o IEAR conta com 50 docentes concursados, distribuídos em seus três cursos de graduação. O IEAR mantém atualmente um conjunto de pesquisas que tomam o território da Baía da Ilha Grande como objeto de reflexão e de ação, construindo, em diálogo com os atores sociais locais, diversas estratégias e experiências localizadas que contribuem para o desenvolvimento e o diálogo entre os saberes no território. Dentre as iniciativas, cabe destacar os projetos nas áreas de gestão do território, educação diferenciada, cartografia social, conflitos territoriais, geoprocessamento, agroecologia, desastres sócio-naturais, recursos hídricos e interculturalidade. Também se destacam a atuação e o impacto no IEAR no âmbito da educação, com projetos de ensino, pesquisa e extensão que envolvem escolas, professores e alunos de Angra dos Reis, Paraty e Mangaratiba através de formação continuada de professores da rede pública, cursos de aperfeiçoamento, atuação dos alunos em estágios de docência, iniciação científica para o ensino médio, reorientação curricular, seminários pedagógicos, projetos de extensão e visitas de estudantes do ensino médio ao IEAR. Além da atuação regional, os professores do IEAR participam de redes de pesquisa nacionais e internacionais, interagindo com grupos de pesquisa de outras universidades e inclusive atuando em programas de pós-graduação da UFF e de outras instituições.
Criado a partir de uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba (FCT), o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) é um espaço tecnopolítico de geração de conhecimento crítico, a partir do diálogo entre saber tradicional e científico, para o desenvolvimento de estratégias que promovam sustentabilidade, saúde e direitos para o bem viver das comunidades tradicionais em seus territórios.
Com o apoio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec), atua em territórios indígenas, quilombolas e caiçaras de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba nas áreas de saneamento ecológico, agroecologia, turismo de base comunitária (TBC), promoção da saúde, educação diferenciada, justiça socioambiental, cartografia social, incubação de tecnologias sociais e monitoramento territorializado da Agenda 2030.
O propósito do OTSS é contribuir para a agenda global de desenvolvimento sustentável a partir um modo de governança que se mostre capaz de promover a territorialização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e a melhoria concreta dos indicadores de sustentabilidade e saúde nos territórios tradicionais da Bocaina.
A Área de Proteção Ambiental de Cairuçu é uma Unidade de Conservação da natureza criada pelo Decreto n° 89.242/1983 com o com o objetivo de assegurar a proteção do ambiente natural, que abriga espécies raras e ameaçadas de extinção, paisagens de grande beleza cênica, sistemas hidrológicos da região e as comunidades caiçaras integradas nesse ecossistema. É administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. A APA Cairuçu integra área recém-declarada pela UNESCO como patrimônio natural e cultural da humanidade.
O novo Plano de Manejo da APA Cairuçu (disponível em icmbio.gov.br/cairucu/plano-de-manejo.html) definiu quatro altas prioridades de gestão, que vem sendo desenvolvidas em integração com o Conselho Gestor da Unidade, a saber: i) regularização fundiária dos territórios tradicionais caiçaras; ii) ordenamento do turismo, com enfoque no fortalecimento do turismo de base comunitária; iii) gestão integrada e participativa das águas; e iv) elaboração e implementação de planos de desenvolvimento comunitário. Atualmente, a equipe gestora é composta por analistas ambientais com formação acadêmica de diferentes áreas do conhecimento, com enfoque interdisciplinar. As principais ações de gestão realizadas pela APA Cairuçu envolvem: i) o ordenamento fundiário continental e insular da Unidade, bem como a caracterização de comunidades tradicionais caiçaras para obtenção de Termo de Autorização de Uso Sustentável; ii) a capacitação de comunitários nos cursos de gestão de águas, em parceria com o IFRJ; iii) projeto de fortalecimento da Rede Nhandereko de turismo de base comunitária e elaboração de plano de visitação dos territórios tradicionais; e iv) o apoio à elaboração de instrumentos de planejamento e gestão compartilhada de territórios tradicionais.
A Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (SAPÊ) é uma associação sem fins lucrativos de caráter cultural e ecológico, que articula a luta institucional com o ativismo social. Fundada no dia 22 de janeiro de 1983, em Angra dos Reis, no contexto nacional de luta pelo estabelecimento democrático e localmente vinculada aos conflitos promovidos pelas transformações espaciais associadas aos projetos de desenvolvimento territorial.
Se constitui como entidade lutando contra a instalação das usinas nucleares e o Programa Nuclear Brasileiro, defendendo a ecologia e a cultura. Tem como missão atuar pela justiça ambiental, pleno exercício da cidadania e diversidade cultural. Seus principais objetivos são: lutar pelo uso de energias renováveis, limpas e pelo fim da energia nuclear; promover o comum e o livre acesso de toda a população às praias, costeiras, rios, cachoeiras e montanhas; defender a integridade dos modos de vida das populações tradicionais e seus territórios.
Sua atuação é permeada pela realização de protestos, atividades de formação e articulação, denúncias nos órgãos competentes e participação em fóruns institucionais. Apoia também a luta de outros movimentos, associações de moradores e comunidades tradicionais.